28.DEZ
2023
Saindo de Inhotim, dormimos em Oliveira e logo pela manhã fizemos uma parada em São Tiago, capital do biscoito.
Visitamos um lugar na praça central onde os biscoiteiros se reúnem todo sábado para oferecer sua arte de operar fornos de barro. O espaço é gerenciado por uma associação dos fabricantes de biscoito local. Na loja, tinha muitas opções dos mais diferentes tipos de biscoito.
As variações do polvilho e suas combinações com queijo, goiabada e doce de leite são o grande mote do lugar. São muitas prateleiras com variadas opções de diferentes produtores. Todas as embalagens com informações nutricionais e código de barras. Vimos ainda opções de doces de leite, goiabada e café – me arrependi de não ter comprado logo uma saca de 60kg, pois o que comprei para experimentar estava muito bom, mas já virou só lembrança!
O local conta com uma arquitetura menos agressiva, que optou por preservar uma grande árvore, no meio da loja, adaptando o forro e o telhado a comportar esta preciosidade. Ficou muito bacana. Na parte do fundo colocaram um enorme forno a lenha onde os biscoiteiros fazem sua arte ao vivo aos sábados (diz a atendente que no sábado vai muita gente tomar o café com o biscoito feito na hora).
Provei dois sucos que não conhecia: uvaia e araçá – ambos originários da mata atlântica. Uvaia lembra uma acerola mais ácida; já o araçá, da família das goiabas tem um sabor próprio, que remete a goiaba, mas com um sabor bem peculiar. Ambos foram reprovados na métrica do paladar polonês.
Rumando para Tiradentes, paramos ainda na cachoeira do Jaburu, no município de Ritápolis (22km de São João del Rei). Local bem sossegado, do tipo familiar mesmo. A cachoeira fica a 2km da rodovia, uma estrada de terra com muito pedregulho e saliências irregulares, que trepidava de forma insana. Mas foi o suficiente para debilitar as nossas costas.
Assim, eu e Sandra ficamos no modo juntando forças para seguir para Tiradentes depois de um merecido descanso, vendo a água correr na cachoeira. O local tem umas bicas de água, um monte de mesas debaixo de umas mangueiras e muita areia margeando o lajedo que da acesso à cachoeira. Comemos porções de mandioca e tilápia que estavam muito boas e com um preço honesto.
Depois da Cachoeira do Jaburú chegamos a Tiradentes no final do dia. Lembrando que Tiradentes fica muito perto de São João del Rei e Santa Cruz de Minas (áreas conurbadas). Tiradentes se reinventou para acomodar uma versão mais turística, com uma pegada de móveis de demolição, artesanato envolvendo um Brasil colonial antigo, preservação de casarios coloniais, mas com um custo Brasil para turistas.
Já São João, oferece uma gama de serviços e produtos de forma muito mais ampla, com preços muito mais razoáveis. A cara de São João é de Minas mais raiz; Tiradentes, uma Minas mais nutela, com muito mais maquiagem, para encantar turista.
Por fim, ficamos em uma casa de temporada com boa estrutura, o que nos permitiu ficar em casa com a possibilidade de jogar jogos de tabuleiro (os BoardGames) todos os dias, sem falhar um único dia. Quase todos os jogos podem ser jogados gratuitamente no site do BGA (Board Game Arena). Depois farei um resumo dos jogos que jogamos. Além de muito espaço e uma piscina que ajudou nos dias quentes – mas tivemos mais chuva e dias amenos que dias de calor mesmo.
Mas como o pessoal é acostumado com as temperaturas mais baixas, qualquer 18 graus e a água estava excelente para eles. Tomaram banho de piscina todos os dias. Quando escrevo este post, Kalisz (Polônia) estava com -10°C e Umea (Suécia), batia seus -36°C, com pedido das autoridades para redobrarem os cuidados e saírem de casa só se fosse essencial.
Em São João fomos várias vezes ao supermercado e à lavanderia. O supermercado por uma questão de preço e opções. Muito melhor que os de Tiradentes. A lavanderia, foi por conta de um contratempo na casa onde estávamos que estava com a máquina de lavar estragada. Mas usamos o serviço de uma rede de lava e seca automatizada que nos atendeu bem, com um custo benefício honesto. Em uma destas idas visitamos a igreja São Francisco de Assis. Chegamos faltando cinco minutos para o encerramento das visitas. De bom grado o funcionário da igreja viabilizou nossa entrada e fez o ranking das igreja com mais ouro no interior. Sugeriu que visitássemos a matriz, que era, segundo ele, a quarta melhor ranqueada neste quesito. Além da arquitetura peculiar do período barroco, destaque para o quadro de avisos que alerta sobre o risco de não tocar no cão negro, que estava muito bem alocado, próximo à entrada. Quando saímos, o cão continuou por lá e ao que nos pareceu, está bem ambientado com a paisagem. De passagem revi o campus da UFSJ, ao lado da igreja, onde apresentei um trabalho como pré requisito do programa de mestrado que fiz.
Tivemos a oportunidade de visitar uma fazenda produtora de queijo, em uma cidade pequena, próxima a São João. Fomos através de um post no instagram que dizia que veríamos todo o processo de fabricação de queijo. Chegando fomos até a loja e o mestre queijeiro nos atendeu. Disse que vinha da região de São Roque (coração da serra da canastra, famosa por seus queijos Canastra) e que estava em um projeto de produzir queijos diferenciados para o proprietário.
Tatuado com os prêmios que conquistou, nos explicou de maneira bem prática (mas sem revelar nada de significante acerca do processo) sobre o a maturação dos queijos que estavam visíveis em prateleiras marcadas com o período de início da maturação. Para efeito de comercialização, eles trabalham com queijos em três diferentes estágios de maturação: 22 dias, 8 meses e 2 anos. De fato, sabor e textura são bem característicos de cada um dos queijos que degustamos na loja.
O queijeiro jura, de pé junto, que todos possuem a mesma base e, segundo ele, nenhum processo adicional é realizado sobre os queijos mais velhos. Apenas o processo de maturação com o tempo. Como estava na condição de turista aceitei a informação (mas, como filósofo-mineiro-criado-no queijo, ainda me pergunto se não há alguma sutileza no processo, separação do soro, salga específica ou qualquer adendo que seja orientado para o longo prazo).
Certo é que o sabor era bom!
P.S. Quanto ao “ver todo o processo”, era só marketing. Pois só vimos o armazenamento e não tivemos acesso à produção. Mas foi uma bom passeio.